A Angústia do Poeta (Charlan Fialho)

Há dias em que o meu amor é tomado de sandice
Às vezes, escrevo nas páginas da escuridão
Sucateio os horizontes da paixão
E com os meus sensacionalismos brigo com o coração tolo
Já tentei pisar o som dos beijos e apagar a música
Que acorda a alma com plangores
Mas não consigo, sofro com esse pecado que acorda-me na aurora

Há dias que o meu amor fica assim
Perdido no contraste do tempo que insiste
Em caminhar na contramão dos sentimentos
Não macaqueio nenhuma emoção rasa,
Sequer amolento minhas oferendas de amor
Mas faço-me poeta obtuso, carrancudo, escorchado pelos arranhões
Das lembranças que atascaram meus enleios

Há dias que não me vejo, o amor fica cinzento
Parece que sumo debaixo dos estrondos
Que há dentro do peito e como nuvem desfaço-me
Sem ostentar qualquer nuance, nem adereços
Sou arrolado como um pássaro a andar sem destino
Visto a caminhar com meus versos nublados
Preso em ardis sentimentos, escondo-me nos outeiros do desalento
Onde só me encontram no décor de cada pesadelo.

Poesia de @poetaAlagoano.